Quem sou eu? A pergunta dispara na minha cabeça como a melodia dispara soltando no ar acordes suaves de uma música tão antiga quanto os meus 45 anos de existência podem lembrar.
O que eu fiz? Pergunto aos olhos que me encaram na imagem refletida no espelho retrovisor do carro enquanto a voz grave do cantor solta no ar as frases de uma poesia conhecida que os meus ouvidos capturam e que me levam de volta no tempo.
Analiso a minha imagem procurando no centro do meu ser alguma coisa da mulher segura e combativa que fui um dia, onde fui parar? Onde me perdi de mim e segui uma trilha que não busquei?
Talvez, penso, se relembrar todos os meus passos, os caminhos que escolhi, possa reencontrar algum vestígio da mulher que fui. A mulher que adorava dançar, que cultivava amizades, que ria com facilidade, que lutava contra as injustiças, que acreditava que poderia ser uma das gotas no oceano de pessoas que mudariam o mundo.
Talvez nos reencontrando, eu e essa antiga mulher, possamos ligar os fios novamente e, religando, eu possa misturar as duas e fazer uma nova mulher. Uma mulher nem muito forte, nem muita frágil, mas que fique no meio da linha que ligam esses dois pólos tão contraditórios.
Como a Fênix que renasce das cinzas eu me reinventaria, seria forte como Diana, a caçadora, e dócil e frágil como Afrodite na conquista.
Talvez assim eu possa olhar para a imagem refletida no espelho e rever uma mulher feliz...

Comentários

Anônimo disse…
Adorei as linhas escritas Tia , imaginei a Fenix e a Afrodite que podem existir em cada mulher, partes que precisam ser despertadas dia a dia. Beijo pra ti !
Kiara Guedes disse…
"Passeando" por aí, cheguei até aqui... E era tão perto! rs. Mas não me perco mais, voltarei! Abra;cos

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