A lógica do convencimento
Araciara Macedo

Sempre pensamos, por sermos adultos, inteligentes, centrados e maduros, que crianças de cinco anos não têm percepção para saber explicar o que pensam ou que sentem. Pois garanto a vocês, por conviver com um desses mini adultos, que eles sabem sim.
Meu filhotinho Miguel Benjamim, de cinco anos de idade, vive me surpreendendo com as peripécias que apronta, travesso ao extremo, ele sempre ganha o que quer quando resolve expor suas idéias.
Lembro que uma das coisas que mais gostava de fazer, digo gostava porque a preferência mudou, era apontar as marcas dos carros que passavam pelo nosso velho Vectra e fazer a comparação dizendo que queria um igual.
Em 2010, quando finalmente resolvemos trocar de carro, meu esposo se decidiu por um Palio prata que nossa comadre estava vendendo. Eu, ao ver o carro, me apaixonei, era lindo, claro que comparei o Palio ao meu velho Vectra que estava tão caído que as portas tinham que ser amarradas, eu e Ariel concordamos com a decisão do Miguel, já o pequeno Benjamim foi outra historia.
Decidido a convencer todos nós que a compra do carro era uma boa decisão, Miguel, minha cara metade, resolveu levar o nosso pequenino para ver nossa nova aquisição. Benjamim saiu de casa feliz da vida achando que o novo carro já viria para casa com eles. Miguel passeou bastante pela cidade até encontrar um carro da mesma cor, modelo e marca do carro que queríamos e mostrar para Benjamim.
Ele olhou o carro e cheio de decepção falou para o pai: “pai compra um carro preto pra nós, é melhor!”. Coitado do Miguel tentou de todas as formas convencê-lo que o carro era bonito, confortável e bem mais moderno que o nosso. Benjamim não se deu por vencido, quando chegaram em casa o Miguel já estava praticamente convencido a não comprar o carro. Durante algum tempo ele se transformou em lobista mostrando marcas diferentes de carro na cor preta e nós acabamos por desistir do negocio.
Benjamim tem a personalidade tão forte que quando fui comprar o meu carro ele tanto fez que a marca e o modelo foi escolhido por ele. Ele é um marqueteiro de primeira mão, durante um período fez questão de me mostrar em revistas, comerciais de televisão e até internet, isso com a ajudinha da irmã, que o carro escolhido era bom por vários motivos, compramos o carro na cor preta, sugestão dele também.
As peripécias do Benjamim não param por ai, ele me surpreende sempre, por exemplo, a irmã já namora e ele presenciou cenas de carinho entre Ariel e Patrick e eu e Miguel, então resolveu que estava na hora de ter uma namorada também. A eleita do coração do meu filhotinho foi Nataly, filha do meu cunhado, uma garota de 10 anos, presenciamos varias trocas de carinho e juras de amor.
O namorico parecia inocente até que o Benjamim resolveu que estava na hora de ter mais intimidade com a namorada. Durante um culto na comunidade do Mel da Pedreira nos convenceu a trazer Nataly para passar a noite em casa, pensei comigo que não teria problemas, a garota poderia dormir no quarto da Ariel. Enganei-me, quando chegamos em casa ele levou a garota direto para o quarto dele.
Argumentei claro, como poderia admitir que meu filhinho de cinco anos levasse a namorada, mesmo que fictícia, pra dormir com ele? Ele, com a sua lógica de garoto de cinco anos me olhou e falou, “mãe você não dorme com o papai?”, respondi que sim, “é errado o que vocês fazem?” respondi que não, mas que a gente tem que primeiro crescer e ele ainda era o meu filhotinho e não tinha idade, ele me olhou e me falou, “tudo bem então, ainda sou bebezinho então posso tomar a mamadeira né?
Bom o final da historia é que o Benjamim não dormiu com a namorada e eu desisti de tirá-lo da mamadeira, pelo menos por enquanto ele vai dormir e acordar com a mamadeira de 600ml de mingau de farinha láctea. Quando eu resolver tirar a mamadeira de novo digo pra vocês qual a desculpa que ele usou para me convencer do contrario. Até semana que vem!

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