Nossos
filhos, filhos da tecnologia?
Araciara
Macedo
Eu não sei
quanto a vocês, pais de adolescentes, mas comigo acontece muito. Fico
desesperada quando ando com minha filha de 16 anos pelas ruas da cidade de
Macapá. Já me peguei varias vezes conversando sozinha dentro de lojas e
supermercados enquanto ela curte, em um volume ensurdecedor no fone de ouvido
do celular, rocks guturais de bandas americanas e brasileiras.
O celular da
Ana Ariel, minha linda filhinha, deveria servir para facilitar a comunicação
entre ela, os amigos e nós, eu e o pai, que as vezes nos desesperamos quando
não sabemos ao certo por onde ela anda. A Aninha nunca atende o celular, seu
aparelho está sempre sendo usado como uma caixinha de musica que parece ter
memória inacabável. É um repertorio muito vasto que ela acessa continuamente e
nos deixa de fora da sua vida.
Estive,
durante a semana que passou, em guerra direta com ela e, ao mesmo tempo,
observando filhos adolescentes de amigos. Nossos jovens são filhos da
tecnologia, conseguem ao mesmo tempo acessar facebook, twitter, mandar e
receber mensagens e escutar musicas, como faz a minha Aninha. Isso tudo em uma
velocidade surpreendente, como conseguem? Sinceramente não sei, mas a
experiência de observar minha filha e outros adolescentes me mostrou que, nós
pais, precisamos tomar uma atitude urgente.
O vicio do
celular atrapalha a vida social, a vida familiar e as amizades, atrapalha
também a vida escolar dos adolescentes. Sei que parece engraçado, mas o vicio
do celular está sendo estudado há dois anos e até já recebeu um nome
cientifico: síndrome de nomofobia, O nome é formado a partir da expressão “no
mobile”, ou seja, medo de ficar sem o celular, problema ligado também à
abstinência de internet.
O vicio do
celular causa sintomas que variam de acordo com a intensidade da dependência,
geralmente começam com uma preocupação excessiva com o aparelho: nunca deixá-lo
sem bateria, ter mais de um chip, preferir carregar o aparelho nas mãos a
levá-lo na bolsa e dar prioridade ao contato via celular. Nos casos mais
graves, o vício provoca alteração de humor, respiração alterada, taquicardia,
ansiedade e nervosismo.
Assustador
não é? Principalmente quando lembramos que nossos filhos podem estar passando
por isso sem que, nós pais, percebamos a gravidade do problema. A avaliação
para que a síndrome seja detectada é feita no consultório do psicólogo ou
psiquiatra. Ou seja, só um médico pode avaliar a gravidade. O tratamento mais
comum é a terapia cognitiva comportamental (também chamada de psicoterapia
cognitiva), indicada para a maioria dos transtornos psiquiátricos.
A terapia é
breve e funciona como uma conversa em que o paciente é estimulado a interpretar
situações sobre os acontecimentos do cotidiano que causam o medo. No decorrer
das sessões, os problemas são assimilados e o comportamento é controlado.
Enquanto a
medicina espera por estudos mais detalhados sobre a nomofobia, nós precisamos
tomar algumas atitudes para com nossos filhotinhos. Eu, por exemplo, resolvi
observar melhor a minha filha, estou dividindo com ela meu DVD, que só tocava
MPB. A partir de agora a Aninha vai escutar musica na sala junto com a família.
O aparelho
celular nunca mais será ligado dentro da sala de aula, para isso estou contando
com a ajuda dos professores, fone de ouvido enquanto estamos juntas? Nunca
mais, a partir de hoje minha filhotinha vai dividir comigo conversas intimas de
mãe para filha enquanto andamos, compramos ou passeamos de carro.
Claro que
isso vai me render alguns dissabores, terei que dividir com ela as musicas que
gosta, então, pelo bem da minha Aninha, aprenderei a gostar de sons guturais de
rock pauleira que há muitos anos não escuto.
Com
certeza aprenderei muito com ela e ela aprenderá muito comigo, uma coisa é
certa, vamos tirar proveito desta experiência, porque agora eu e a Ana vamos
aprender a nos conhecer melhor. Em todas as nossas ações, até aquelas que temos
medo, tiramos alguma coisa de bom
Comentários