Felicidade???
Araciara Macedo
Correr descalça na chuva, pular corda, brincar de esconder,
beijar fazendo estalo no rosto, dançar, atirar pedras nas aguas de um lago,
comer casquinho com uma bola de sorvete de coco da sorveteria Qsabor, algodão
doce derretendo na língua, pipoca salgada, copo com agua gelada quando a sede é
intensa.
Onde está a felicidade?
Ontem, 28 de setembro, completei 48 anos, e essa pergunta
vem martelando a minha cabeça. Quando falo de felicidade não estou falando de
felicidade total, aquela que vem com as paixões exacerbadas que nos fecham os
olhos, nos deixam surdos e nos fazem perder os sentidos e a moral. Não, estou
falando daquela felicidade calma, da felicidade que sabemos eterna.
A felicidade que vem quando se ouve um filho dizer mamãe
pela primeira vez, esse é um momento que será eterno. Seu filho pode ate
partir, como o meu Kayke, mas esse momento está na minha lembrança e eu nunca
esquecerei, se fechar os olhos consigo trazer de volta e até escutar a voz dele
novamente.
Talvez você que está lendo este texto tenha pensado que eu
perdi a conexão com o primeiro paragrafo, não perdi. O primeiro paragrafo
retrata momentos em que consigo banir a tristeza e ser feliz por completo, e se
são momentos que retrato o que eu quero dizer pra vocês é que a felicidade é
composta de pequenos momentos que devemos tomar posse e guarda-los para nunca
esquecer.
Eu não esqueço a primeira vez que li um poema, ou pelo menos
um arremedo de poema, era uma coisa boba que falava assim “vinha andando por um
caminho e vi uma cobra, tenho fé em Deus...”, bom vamos deixar pra lá, depois deste
vieram outros, bem melhores, bem mais trabalhados, mas esse em particular eu
nunca esqueci. É meu, nunca foi dividido, eu fui a musa total e irrestrita e
ele está guardado na minha caixinha de lembranças.
Tenho outras lembranças felizes bem guardadas na minha
caixinha, lá está o momento em que a minha Ana Ariel chegou em casa, está
também o momento em que o Kayke tocou a barriga da Dora, mãe biológica da
Ariel, e me disse que era uma menininha. Na minha caixinha está a lembrança do
nascimento do Miguel Benjamim, quando ele me foi entregue todo sujo para que eu
o limpasse.
São momentos, momentos não, estações de extrema felicidade
que eu preservo como uma leoa preserva seus filhotes. Minhas estações trazem em
seu bojo outras lembranças felizes, lembranças de amores que chegaram e se
foram, pelo meu negão, por exemplo, cachorro do Keyke, que escolheu morrer
depois que ele se foi. Ou pela bela, cadela da Ariel que também se foi.
Neste exato momento em que escrevo estou extremamente
triste, mas com a tristeza vem também felicidade. É um enigma, que nem eu mesma
entendo, esquisito, diferente. Diferente como o poema "Amor entre espinhos,
abraços e flores, amor dos caminhos,
da relva das cores. Amor abre aspas. Amor por inteiro .Amor
fecha aspas. Amor verdadeiro.
Complexo de entender, mas, ao mesmo tempo fácil porque cada
pessoa entende de uma maneira diferente.
Foi pra mim, me foi dedicado e eu chorei como uma louca
quando li, como choro em cada bela obra que leio, porque a poesia é a essência
da alma, através dela falamos a verdade sempre, não conseguimos mentir. Não
conseguimos enganar. A poesia é e será sempre a essência da alma. Por isso
aceito “amo você quando estou errado, pois mesmo errado o amor é sempre
certo, amo você nas horas verdes, na solidão mais triste do deserto, amo você
até mesmo quando penso que não amo, amo pensar no quanto amo você, por isso
acabo fazendo canções... Senhora dona Desses olhos verdes feito hortelã Te
procurei nas cinzas de cada manhã Feito um poeta louco caçando um sonho, uma
visão Caindo em tantas armadilhas Do coração...
Até semana que vem!!!
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